De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e EstatÃstica – IBGE, dos 853 MunicÃpios mineiros, apenas 200 têm Ginásio, Campo de Futebol, Piscina ou Pista de Atletismo. A pesquisa, divulgada na última semana de Maio de 2017, foi realizada entre Junho e Outubro de 2016 e investigou 5.570 MunicÃpios em todo o Brasil.
Os dados fazem parte de uma realidade revelada pelas Escolas Municipais, somente 23% delas possuem espaços para a prática de atividades esportivas. “A falta de estrutura pode comprometer o trabalho do Professor de Educação FÃsica, pois é um impeditivo de realizá-lo com qualidade. O Professor que não possui os materiais e local apropriado irá lecionar, mas não terá condições de explorar todas as possibilidades de movimento com os estudantes. Muitos, mesmo sem estrutura fÃsica e material, conseguem realizar excelentes trabalhos, devido ao seu compromisso com a Educação e a cidadania”, declara a Presidente da Comissão de Educação FÃsica Escolar do CREF6/MG, Marley Alvim.
Em um dos Estados que mais forma Profissionais de Educação FÃsica, o segundo no PaÃs, todos os anos centenas de Professores chegam ao mercado de trabalho em Minas Gerais, buscando exercer a Profissão da melhor forma. Há sete anos, Alexandre Martins [CREF 022052-G/MG] atua como Professor de Educação FÃsica na Rede Pública de Ensino do Estado. “Eu creio que a falta de estrutura compromete o ensino e a prática de nossa disciplina, mas acho que o Profissional não deve usar isso como desculpa. Eu escolhi a Profissão sabendo que há muitas dificuldades nas Escolas, mas nunca deixei de dar as minhas aulas. Ensinei a prática de todos os esportes possÃveis, adaptando o espaço e o pouco material”. Nas aulas de Ginástica ArtÃstica, por exemplo, Alexandre improvisou as fitas da modalidade com papel crepom. “No ano passado, dava aulas na Zona Rural do MunicÃpio de Cássia, não tÃnhamos nem pátio na Escola, fazÃamos a aula na terra. Porém, o resultado foi incrÃvel, fizemos até uma apresentação na Casa da Cultura da Cidade, no final do ano.”
Em matéria divulgada pelo Jornal “O Tempo”, a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais – SEE/MG informou que, das 3.655 escolas estaduais, 2.524 possuem quadra poliesportiva, ou seja, 69% do total. “Não podemos driblar essa estatÃstica. Precisamos divulgá-la e esclarecer para a população o prejuÃzo que é causado aos estudantes. A Educação FÃsica no contexto escolar é responsável pela aprendizagem das habilidades motoras, o desenvolvimento fÃsico, psicossocial, estético e moral. Para a maioria dos estudantes, a Escola é o primeiro contato com o movimento e consequentemente com o esporte, é a única oportunidade de aprender e se conscientizar da necessidade de ter um estilo de vida ativo, evitando várias doenças”, explica a Presidente da Comissão de Educação FÃsica Escolar do CREF6/MG, Marley Alvim.
Educação FÃsica Escolar
Há 16 anos, a Professora Sarah Duarte [CREF 023664-G/MG] vive a complexa realidade das Escolas, porém vê na Educação FÃsica o poder de transformação. “Eu acredito que o esporte na Escola resgata pessoas, nós, Professores, conseguimos ter mais afinidade com os alunos devido à dinâmica da disciplina. Por meio da Educação FÃsica é possÃvel fazer com que o aluno descubra seu potencial e o estenda à s outras matérias”.
O desejo de fazer da Educação FÃsica um instrumento de transformação faz com que os Professores se desdobrem, reinventem espaços e materiais para lecionar. A Professora Sarah Duarte conta que, há um ano e meio, atua em Salinas, no Norte de Minas convive com a precariedade das estruturas esportivas. “Para realizar um projeto de Ginástica no ano passado, contei com a ajuda da comunidade. Alguns materiais foram comprados com o meu próprio dinheiro. Outros foram custeados com rifas e até com a venda de cartões para uma feijoada. Fico feliz pelo projeto estar funcionando até hoje”. O trabalho de Sarah foi o vencedor da categoria Oral – Ensino Médio do V Simpósio de Esporte na Escola realizado pelo CREF6/MG em parceria com a Secretaria Estadual de Educação. Além do Simpósio, a Professora de Educação FÃsica recebeu o Prêmio Melhores do Ano Minas Esportiva 2016 do Governo de Minas Gerais, também por projetos realizados na Escola.
“Um aluno que encontra-se bem com ele mesmo, nos aspectos fÃsicos, biológicos, psicológicos e culturais, é capaz de ser protagonista no seu processo de aprendizagem, onde professores e Escola são facilitadores desse processo. Desta forma, torna-se necessário um investimento maior nesta área, principalmente pra atender um público cada vez mas debilitado fisicamente e desestimulado”, acredita o Professor de Educação FÃsica de Três Pontas/MG, Sidnei Cunha [CREF 027489-G/MG].
Ele iniciou sua atuação com Educação FÃsica Escolar há 15 anos, na Rede Pública de Ensino do Estado e confessa já ter se desdobrado para conseguir dar as suas aulas. “Há uns dois anos, onde eu trabalho, as turmas foram inscritas no programa ‘Atleta na Escola’. Umas das etapas do programa era justamente a realização da competição. Porém com a falta de estrutura, eu e os meus alunos do Ensino Médio colocamos a ‘mão na massa’. Montamos a nossa própria área de competição: medimos, cavamos e pintamos tudo em um parque da Cidade”. O resultado? Mais de 200 alunos participantes. “Eles ficaram empolgados pela vivência de um esporte nas condições mais próximas da realidade permitida”, conta Sidnei. O esforço e o trabalho do Professor já foram levados a público e lhe rendeu dois prêmios no Simpósio de Esporte na Escola.
Valorização do Professor
Com o intuito de valorizar os Professores de Educação FÃsica e suas boas práticas na Educação FÃsica Escolar, há 10 anos, o CREF6/MG promove o Simpósio de Esporte na Escola, em parceria com a Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais. Realizado de dois em dois anos, o evento está em sua 5ª edição.
O Simpósio de Esporte na Escola tem como objetivo levar a público as ideias inovadoras dos professores e influenciar positivamente o ambiente escolar, proporcionando discussões e reflexões importantes, necessárias no contexto da Educação FÃsica Mineira. Nestes 10 anos, o evento recebeu cerca de 800 trabalhos e premiou mais de setenta.
Outro exemplo de contribuição do CREF6/MG para a valorização do Professor é a interdição de Editais publicados que não contemplam a condição de “Professor de Educação FÃsica Registrado no Conselho Federal de Educação FÃsica”, uma vez que o Conselho prima pelo exercÃcio legal da Profissão.
